A Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que 95% dos casos de zika, dengue e chikungunya, doenças que
vêm afetando duramente o Brasil, podem ser evitadas com adoção de medidas
ambientais pelo governo.
"O Brasil está tomando ação de urgência
adequada para resolver o problema do zika, que é a fumigação, mas para atacar
realmente essas doenças tem que investir em gestão de água e em
saneamento", afirmou o coordenador de Saúde
Pública e Ambiente da OMS, Carlos Dora.
"Isso evitaria que o mosquito Aedes aegypti
voltasse a procriar nas áreas urbanas e resolveria o problema no longo
prazo", disse o especialista, depois do lançamento de relatório global
sobre fatores de riscos ambientais.
Conforme novas estimativas da entidade, 12,6
milhões de pessoas morreram no mundo em 2012 por terem vivido ou trabalhado em
ambiente insalubre, incluindo poluição do ar, da água e dos solos, exposição a
substâncias químicas, mudança climática e raios ultravioleta.
Pelo cálculo, 847 mil pessoas morreram no ano na
América Latina (excluindo México e Chile, paísesmembros da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Economico, a OCDE) nesse cenário, o que significa,
para Dora, que boa parte ocorre no Brasil.
Os fatores de riscos ambientais causam mais de cem
doenças ou traumatismos, segundo a OMS, e provocam cerca de 25% de todas as
mortes no mundo. Os acidentes vasculares cerebrais, cardiopatias, câncer e
problemas respiratórios crônicos representam hoje cerca de 70% das mortes
ligadas a causas ambientais.
Paralelamente, houve uma baixa no número de mortes
causadas por doenças infecciosas globalmente, como diarreias e malária,
frequentemente ligadas à falta de água, problemas de abastecimento e à má
gestão dos detritos. Ao mesmo tempo, o Brasil tem sido especialmente atingido
por zika e dengue. Mas a OMC aponta Curitiba como um exemplo na reciclagem de
detritos e de sistema de ônibus rápido, vistas como medidas valiosas para
melhorar o ambiente.
Conforme o relatório, medidas para melhorar a
poluição ambiental, por exemplo, poderiam evitar 23% das mortes causadas por
ataque do coração. Até agora, os médicos se concentram em fatores
comportamentais, como falta de exercício. A OMS inclui o fator de risco
ambiental, como a exposição ao tabagismo passivo.
Fonte: Valor Econômico - 16.03.2016